segunda-feira, 2 de março de 2015

O problema de deixar pra depois: a educação como vetor do progresso

“O objetivo inicial era matricular o maior número de crianças na escola, pra depois pensar na qualidade do ensino. Só que esse 'depois' nunca aconteceu” Cristovam Buarque



Meses atrás, zapeando pelos canais da televisão, chamou minha atenção uma entrevista com Cristovam Buarque, através da Globo News. Cristovam é engenheiro mecânico e possui doutorado em Economia, cursado em Paris durante o exílio político. Atua como senador desde 2010 e é conhecido por uma vida pública voltada ao combate do analfabetismo e da má qualidade dos colégios brasileiros.

Eis que nesta entrevista concedida à Globo News, Cristovam apresenta mais uma vez (sim, ele já concedeu inúmeras entrevistas e concorreu inclusive à Presidência no ano de 2006) o seu conceito de educação. Segundo ele, na bandeira do Brasil, deveria estar estampado não o obsoleto “Ordem e progresso”, mas sim “Educação é progresso”.

O discurso do senador não parou por aí. Através de fatos e dados (apresentados de forma clara e objetiva por alguém que realmente conhece o sistema educacional brasileiro), compartilhou com o repórter Roberto D’Avila ideias que poderiam mudar a realidade do cenário nacional a partir de uma atenção especial à educação. Seus projetos de remunerar os professores com salários a partir de R$ 9.500,00 nunca foram aprovados. Além de condições salariais, propôs a unicidade do sistema, não existindo mais escolas de rico e escolas de pobre. Claro, nada foi adiante.

Hoje, cerca de seis meses após a entrevista na televisão, a Zero Hora realizou outra conversa com o senador. O político que já foi reitor de universidade, ministro da Educação, criador do Bolsa-Escola e escritor, realizou um diagnóstico da educação no Brasil: “Se a gente compara a educação brasileira de hoje com a de 30 anos atrás, melhorou. Se compara como o que se existe hoje da educação, nós pioramos”. Então, a que se deve esta situação?

Segundo Cristovam, isso ocorreu porque o objetivo inicial era matricular o maior número de crianças na escola, pra depois pensar na qualidade do ensino. Só que esse “depois” nunca aconteceu. E existem duas razões para isso. A primeira é cultural, conforme relata o senador, pois o povo (sendo rico ou pobre) não dá importância para a educação. E isso é simples de constatar: ninguém é considerado rico no Brasil por ser culto, mas sim pela casa, pela conta bancária, pelo carro. E a segunda é social e política, pois o governo tem como filosofia resolver todos os problemas da parte rica, e em contrapartida abandona os problemas dos pobres.

O mais interessante é que Cristovam luta pela educação e não por um partido ou ideologia simplista. Prova disso é que ele reconhece que destinar o dinheiro do pré-sal para a educação não muda nada, pois o governo não disse como deve ser gasto o dinheiro, então, não melhora a educação. E além do mais, o pré-sal é uma hipótese. Quem tiver interesse pode ler na íntegra a entrevista da ZH, no link que deixarei abaixo listado. Da mesma forma para visualizar a entrevista na Globo News.

Por que falar em educação em um cenário político tão complicado quanto o que estamos vivenciando hoje? Porque sem ensino básico, não há como exigir que uma nação esteja habilitada a escolher melhor seus representantes. Não existe como acompanhar as exigências de mercado que acompanham o avanço da tecnologia. E não menos importante, não há como exigir, sobretudo, respeito dos indivíduos para com o meio ambiente e entre os seus pares.

Comecemos então, em nossa pequena cidade, a valorizar mais o trabalho do professor. E ao invés de realizar uma manifestação disfarçada de pacífica, mas que prejudica a vida de quem precisa sobreviver, que tenhamos educação para fazer valer nossos direitos enquanto cidadãos. E aí você vai me perguntar: “como fazer isso?”. É simples. Diga para o seu filho, no primeiro dia de aula da vida, que a professora é a mãe dele na escola. Merece respeito digno de tal figura. Foi assim que minha mãe fez. E eu nunca deixei, nenhum dia da vida sequer, de respeitar e admirar esta profissão. Porque a educação começa em casa.

Boa semana!

Links:

Entrevista ZH - Cristovam Buarque
Entrevista Globo News - Cristovam Buarque

Um comentário:

  1. Mariana! Gostaria de te parabenizar pelo texto publicado. Concordo com o Senador Cristovam. Assim como ele, acredito que a educação de qualidade transforma, muda, constrói, modifica, revindica, instrui. Você foi muito feliz em valorizar o professor em tuas palavras. Acredito no teu potencial como jornalista escritora. Já estou no aguardo para o próximo post. Abraço

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